A brincadeira na infância desempenha um papel crucial no desenvolvimento saudável da criança. Uma infância sem brincadeiras pode levar a um estilo de vida adulto excessivamente sério e estressante. A leveza é algo adquirido, não vem de graça, e é criada durante os primeiros anos do desenvolvimento do sujeito.
A infância é uma fase vital para o desenvolvimento físico, emocional e social. O brincar acaba por ser subestimado, por vezes. A troca de brincadeiras que mexam com o simbólico por outras realistas demais afetam a capacidade da criança de brincar. Por simbólicos, pensemos brincadeiras que mexem com a imaginação. Caixas de papelão que são naves espaciais, cabanas de lençóis que são tendas do deserto. Esses simbolismos são ensinados, não vêm sozinhos. A criança que não vê as outras brincarem e, sobretudo, não são inseridas no mundo da imaginação pelos adultos ao seu redor dificilmente conseguirá construir essas brincadeiras sozinha.
A oportunidade de brincar é trocada pelo entretenimento pronto do tablet. Uma agenda agitada encaixa muito bem nessa rotina, e ir ao inglês, balé, luta, recreação e o que mais for consome não só a energia física, mas também a mental. Brincar permite que as crianças experimentem o mundo de maneira lúdica, a lidar com os desafios não só imaginários, mas reais. Os desafios eletrônicos são bastante sedutores, pois a parte da imaginação já está pronta – falta somente a intervenção intelectual. Ainda que saber a resposta certa seja importante, quanto menor for a criança, mais o caminho para esta resposta é importante.
Os caminhos simbólicos das brincadeiras das crianças são a base dos mecanismos que permitem ao adulto lidar com os desafios do mundo real. À provocação do dia-a-dia, se diz ao adulto inflexível: “não sabe brincar?”. Pode muito bem ser que não saiba e nunca soube.
Considere
- Tempo Livre e Espaço: Espaços onde a criança pode explorar sua imaginação. Sucatas, tecidos; elementos rudimentares, não completos.
- Participação dos Pais: A criança aprende a brincar não só brincando, mas vendo brincar. É importante “emprestar” o imaginário à criança.
- Limites Tecnológicos: O tablet e o smartphone têm seus lugares, mas não são elementos que ajudam a criança a construir sua imaginação e capacidade simbólica. Seu tempo de uso deve ser cuidadoso – tal qual aos adultos.
Brincar durante a infância é um investimento no bem-estar futuro da criança. Ao garantir a oportunidade de brincar e explorar, cultiva-se habilidades essenciais para enfrentar os desafios da vida adulta com resiliência e equilíbrio. Lembre-se de que brincar é coisa séria, e o adulto capaz de levar a vida a sério precisa da capacidade de brincar.